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Bashar Al-Assad sinaliza recebimento de armamentos de Moscou e ameaça abrir uma frente de resistência contra IsraelRODRIGO CRAVEIRO
Um confiante Bashar
Al-Assad usou a rede de TV Al-Manar, da milícia xiita libanesa
Hezbollah, para anunciar o recebimento da prometida remessa de um
sofisticado sistema antimísseis terra-ar S-300, adquirido da Rússia. “A
Síria já recebeu a primeira remessa de mísseis antiaéreos S-300. O
restante chegará logo”, afirmou. “Todos os nossos acordos com a Rússia
serão cumpridos e partes deles (dos mísseis) já foram implementados. Nós
e os russos continuaremos a cumprir com esses contratos”, acrescentou o
ditador sírio. Além de assegurar que suas tropas estão em vantagem na
guerra civil, Al-Assad ameaçou estender o conflito até Israel. “Há uma
pressão popular para abrir uma nova frente de resistência nas Colinas do
Golã. Há vários fatores, (incluindo) as repetidas agressões
israelenses”, afirmou. “Mesmo no mundo árabe, existe uma clara prontidão
para se unir à luta contra Israel”, emendou.
As palavras de Al-Assad e a
notícia sobre o carregamento de Moscou aumentaram a preocupação dos
Estados Unidos e de Israel. “Entregar mais armas a Al-Assad, entre elas
sistemas de defesa antiaérea, apenas prolongará a violência na Síria e
provocará uma desestabilização da região”, disse Caitlin Hayden,
porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, órgão diretamente ligado à
Casa Branca. Autoridades israelenses avisaram que tomarão as
providências necessárias para impedir que o S-300 se torne operacional.
No entanto, elas afirmaram não ter subsídios para confirmar o
recebimento dos mísseis russos.
A segurança de Al-Assad em relação à vitória no
confronto com os rebeldes se fortaleceu ontem, depois que a oposição
síria sofreu um racha. “Não participaremos dos diálogos em Genebra até
que as formações iranianas e as tropas do Hezbollah se retirem da cidade
de Al-Qusair e que o bloqueio a essa e a outras cidades seja
levantado”, afirmou uma fonte da Coalizão Nacional para as Forças de
Oposição e Revolucionárias Sírias (NCR, pela sigla em inglês), em
entrevista à agência russa Itar-Tass. Entre 15 e 16 de junho,
representantes do regime de Al-Assad e da oposição se reuniriam na
Conferência Genebra 2, para tentar pôr fim ao conflito. O boicote à nova
reunião implicaria num retrocesso diplomático para os EUA, que não têm
economizado esforços para levar os adversários de Al-Assad à mesa de
debates.
“Se
Al-Assad estiver mentindo sobre a encomenda de Moscou, essa pode ser
uma tentativa de levantar o espírito de seus soldados, porque eles têm
perdido terreno”, opinou ao Correio Susan Ahmad, porta-voz do Conselho
do Comando Revolucionário em Damasco e Subúrbios. “Caso esses mísseis
tenham chegado ao meu país, eles matarão mais pessoas e destruirão
cidades, enquanto o mundo nada fará. Mísseis nas mãos de Al-Assad
significam sangue derramado.” Susan não se sente representada pela NCR.
“Nós não acreditamos que a coalizão ou outro organismo criado pela
oposição no exterior possa nos representar. Eles nada fizeram até agora.
As pessoas daqui acham que o mundo está se fazendo de bobo e dando ao
regime novas chances. Todos os dias, mais de 100 civis morrem. O que
deveríamos esperar de uma conferência?”, questiona.
Os relatos que chegam de
Al-Qusair, na província de Homs, sugerem um massacre. Um médico teria
dito que “é melhor morrer do que ser ferido, pois não podemos
ajudá-los”. “As forças de Al-Assad bombardeiam casas, enquanto agentes
do Hezbollah invadem a cidade e matam os civis que sobreviveram ao
primeiro ataque. O Hezbollah não tem o direito de vir e de nos
assassinar em nosso país”, desabafa Susan.
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sexta-feira, 31 de maio de 2013
Mísseis russos em Damasco
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