...

terça-feira, 9 de julho de 2013

Embaixador dos EUA inicia périplo de explicações em Brasília




Diplomata negou monitoramento de dados no Brasil, segundo Paulo Bernardo
BRASÍLIA e Washington

O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, começou ontem um périplo na capital federal para dar explicações sobre as denúncias de espionagem americana em território brasileiro. O diplomata se reuniu com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, General José Elito Carvalho. Ao mesmo tempo, em Washington, o Departamento de Estado americano buscou pôr panos quentes ao comentar as possíveis consequências para as relações bilaterais.
De acordo com Paulo Bernardo, Shannon negou que tenha havido monitoramento de dados no Brasil, bem como a existência de uma central de espionagem no país ou mesmo que empresas brasileiras tenham auxiliado a Inteligência americana a obter informações sigilosas, como indicam os documentos revelados pelo GLOBO. Ainda segundo o ministro, Shannon teria admitido só que os EUA fazem o registro de metadados - isto é, números de telefones discados com data, horário e duração da chamada - além do tráfego de e-mails, mas sem acessar o conteúdo de conversas. E nunca no Brasil.
Para o ministro, porém, é preciso investigar as denúncias. Paulo Bernardo disse desconfiar que ligações telefônicas ou a troca de mensagens entre Brasil e EUA caiam na rede de espionagem americana, na medida em que Shannon teria admitido que as agências de seu país monitoram metadados pelo menos nos EUA:
- Eu chego à conclusão que sim, porque as notícias todas estão dizendo que tanto as conexões de dados quanto as conexões telefônicas são monitoradas. Como ele não está negando, ele está dizendo apenas que tem um tipo de monitoramento que não é isso que o jornal está falando, concluo que sim.
Mais cedo, Shannon falou rapidamente aos jornalistas:
- Estamos respondendo as preocupações do governo do Brasil. Temos um excelente nível de cooperação com o Brasil na área de inteligência e também na área policial. Infelizmente os artigos do GLOBO apresentaram uma imagem de nosso programa que não é correta. Então, estamos trabalhando com os brasileiros para responder suas perguntas - disse.
Por meio da assessoria de imprensa, o General José Elito Carvalho informou que o encontro com Shannon foi pedido pelo embaixador. No domingo, o diplomata conversou com o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Eduardo dos Santos.

EUA querem "continuar diálogo" 

Em Washington, a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, disse que os EUA esperam "continuar o diálogo" que mantêm com o Brasil, esquivando-se de comentar o quanto os vazamentos podem causar ruídos à relação entre os países ou pode comprometer a visita de Estado da presidente Dilma Rousseff, marcada para outubro. Tanto a espionagem quanto a base de operações em Brasília não foram confirmadas pelo Departamento de Estado. Psaki também não soube informar se o secretário de Estado americano, John Kerry, havia conversado com o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota.
Em Belo Horizonte para uma palestra, Patriota voltou a classificar a espionagem americana como grave e preocupante, mas considerou encorajadora a disposição dos EUA para o diálogo. O chanceler também descartou a possibilidade de o governo brasileiro mudar sua posição de rejeitar o pedido de asilo político de Edward Snowden após as informações divulgadas pelo GLOBO. (Colaborou Ezequiel Fagundes, de Belo Horizonte)

Nenhum comentário:

Postar um comentário