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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tropa reforçada na segurança do Papa



JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

Somente efetivo das Forças Armadas foi aumentado em 68%, passando de 8.500 para 14.300 homens

Antônio Werneck
Chico de Gois

Rio e Brasília
Protestos marcados pelas redes sociais para acontecer durante a passagem do Papa Francisco pelo Rio, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), entre os dias 23 a 28 de julho, elevaram o nível de preocupação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e levaram as Forças Armadas a multiplicar o efetivo de militares que farão a segurança do evento. Em dois meses, o aumento do contingente do Exército, da Marinha e da Aeronáutica já sofreu um acréscimo de cerca de 68%: passando de 8.500 militares, previstos inicialmente, para 14.300 homens.

Em Brasília, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelou preocupação com a segurança e com manifestações que possam atrapalhar, sobretudo, a locomoção daqueles que querem participar do evento. Um painel no Centro de Inteligência Nacional listava ontem seis fontes de ameaça à Jornada: incidentes de trânsito, crime organizado, organizações terroristas, movimentos reivindicatórios, grupos de pressão e criminalidade comum.

A maior preocupação é com "grupo de pressão", classificado com nível vermelho de alerta. "Diante das ações dessa fonte percebidas no país nos últimos meses, associadas às ações internacionais relacionadas a grandes eventos desse teor, considerou-se tendência de manifestação positiva durante o evento", informava o painel da Abin. As informações são atualizadas a cada hora e, segundo oficiais da agência, o quadro pode mudar.

O general José Elito Siqueira, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a quem a Abin está subordinada, minimizou eventuais problemas com os protestos.

- Temos de encarar com naturalidade. Logicamente, temos de acompanhar para que aquilo não atrapalhe o grande evento. Mas isso não vai acontecer - disse o ministro do GSI.

O arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, também minimizou o risco de a cidade ser alvo de manifestações durante a JMJ. Ele disse que vê os protestos, que eclodiram no país desde o mês passado, com "tranquilidade", já que a população tem liberdade de se expressar:

- A Santa Sé já está acostumada. Quando há a presença de um Papa em algum evento, há uma visibilidade maior e há sempre grupos que gostam de tentar mostrar a sua opinião - disse o arcebispo na tarde de ontem, após assinar um convênio com a OAB do Rio, que cederá sua sede para embaixadas de diversos países durante a JMJ.

Questionado sobre como a Igreja Católica reagiria, caso temas como casamento gay passassem a ser explorados nas ruas, o arcebispo respondeu em tom sereno que a cidade é "plural":

- Estamos numa cidade plural, de modo que as pessoas podem manifestar suas opiniões e ideias dentro do que é razoável.

Somando todas as pessoas envolvidas no planejamento, a segurança o Papa Francisco deverá contar no Rio com a proteção de cerca de 20 mil homens - além das Forças Armadas, há ainda policiais militares e civis do Rio, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Força Nacional. Apenas no Rio serão 10.266 homens das Forças Armadas, além de mais 4.040 em Aparecida do Norte. O protesto que mais preocupa é um marcado para acontecer na frente do Palácio Guanabara, onde o Papa Francisco deverá ser recebido no dia 22 pela presidente Dilma Rousseff, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes.

Os militares também identificaram perigo para a segurança do Papa na Favela da Varginha e nas comunidades de Guaratiba. O Vaticano decidiu que o pontífice não vai usar o papamóvel blindado e sim um veículo com abertura nas laterais, que o deixa mais vulnerável.

Alguns integrantes da Abin lembram que a missa em Guaratiba deve reunir cerca de 2 milhões de pessoas, ou seja, é um evento muito grande, onde não há check-points como nos estádios para ingressar no local. Além disso, o Papa vai se deslocar em carro aberto em Copacabana, o que também exigirá atenção redobrada porque, ao contrário do réveillon, onde há mais de um milhão de pessoas na orla, haverá uma celebridade em movimento, o que dificulta a operação de segurança.
Rotas de fuga são estudadas

Os órgãos envolvidos com a visita no Rio estão estudando vários cenários de contingência, com rotas de fuga. Além disso, o trajeto até Guaratiba inspira cuidados porque muitos peregrinos planejam ir até lá a pé, o que traz implicações para o trânsito. No monitoramento de risco que a Abin fez e entregou ao governo do Rio, à prefeitura e às polícias Civil, Militar e Federal, o órgão também chama a atenção para a possibilidade de aumento de crimes comuns, como roubos.

Sobre terrorismo, a agência observou que trabalha com o serviço de inteligência de 82 países, dividindo informações sobre terrorismo. Um dos agentes que atuam na segurança do Papa disse que o terrorismo é o único assunto em que os organismos internacionais não sonegam informações. Mesmo assim, o gigantismo do evento exige cautela. Ontem, ao receber jornalistas na agência, o general José Elito não quis dizer se o Brasil recebeu algum alerta internacional sobre eventual atentado terrorista e minimizou a possibilidade de que isso venha a acontecer.


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