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sábado, 22 de junho de 2013

Beltrame não descarta ação do Exército


Polícia só conseguiu prender cinco pessoas por atos de vandalismo ocorridos ontem no Centro da cidade
 O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse ontem, na primeira vez em que comentou a ação de vândalos durante os protestos do Rio, que o Exército poderá atuar nas ruas da cidade. Em entrevista coletiva, Beltrame reconheceu que a polícia não conseguiu controlar todas as situações que aconteceram durante as manifestações de anteontem à noite, afirmando que "segurança é um jogo que ninguém nunca vai vencer". A chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, anunciou que dois vândalos já foram identificados pelas imagens, mas ainda não foram presos. Eles teriam agido durante o ato da última segunda-feira, quando houve depredações na Assembleia Legislativa do Rio e em seu entorno, no Centro.
- O Exército já esta no Rio. Não está em função das manifestações, mas eles têm um contingente a ser utilizado se o governo do estado demandar. A secretaria possui uma parceria antiga com o Ministério da Defesa e, se necessário, não serei eu que vou deixar de tomar essa providência - afirmou o secretário.
Beltrame, que no momento da confusão de quinta-feira estava no Centro de Integrado de Comando e Controle (CICC) - que chegou a ser pichado - destacou que "demonizar" a polícia só favorece os vândalos:
- A polícia é o que o estado Brasileiro tem. Demonizar a polícia talvez seja benéfico para o vândalo. A polícia pode ter seus erros, suas mazelas, seus problemas. Pode não ter conseguido contornar todas as situações ontem, mas contornou muitas outras. Ontem, tivemos uma situação complexa. Se tivéssemos controlado, o Rio de Janeiro não tinha amanhecido como amanheceu.
O secretário disse que possíveis excessos da polícia serão investigados. Na avaliação dele, segurança Pública é um "jogo" que nunca se vence:
- Eu vou sempre cobrar e dificilmente vou estar satisfeito porque segurança é algo efêmero.

MP vai investigar supostos abusos
A chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, anunciou que dois homens envolvidos nos tumultos de segunda-feira, na Alerj, já foram identificados. Um deles é Arthur dos Anjos Nunes, de 21 anos, cuja prisão temporária (de cinco dias) já foi decretada pela Justiça por formação de quadrilha e dano ao patrimônio. Ele ainda não foi localizado pela polícia. Um segundo também teria sido identificado com a ajuda das imagens, mas os policiais ainda não conseguiram um mandado de prisão.
- Ele (Arthur) foi identificado entrando na Alerj. Ele é de Itaboraí e tem antecedentes criminais, inclusive de agressão a guardas municipais. O judiciário ainda não concedeu a prisão do outro homem, mas conseguimos mandado de busca e encontramos máscaras na casa dele - afirmou Martha Rocha.
Segundo a Polícia Civil, por causa dos distúrbios de quinta-feira, cinco maiores foram presos e três menores apreendidos. Rodrigues Rosa dos Santos, 35 anos, Rafael Ferreira Batista, 18 anos, Jean Carlos de Oliveira, 18 anos, e dois menores foram presos saqueando uma loja de calçados na Av. Presidente Vargas. Wando Willian da Silva, 24 anos, estaria roubando uma loja de telefonia, também na Presidente Vargas. Todos eles vão responder por furto qualificado. Já Rafael Braga Veira, 25 anos, preso na Rua do Lavradio, com um coquetel molotov e um artefato explosivo na mochila, e um menor, com duas granadas de efeito moral, responderão por posse de artefato explosivo.
Para Beltrame, a convicção de que os vândalos são minoria precisa ser repensada:
- Minoria não produziria o que se viu hoje (ontem) na cidade. Temos imagens e uma série de fotografias, mas precisamos catalogar e trabalhar para buscar materialidade para as prisões. Há que se prender mais pessoas, mas temos que cumprir alguns requisitos necessários.
O comandante geral da PM, Erir Costa Filho, disse que não há informações confirmadas da participação de homens armados, de facções criminosas, nas passeatas. Ele pediu que os manifestantes evitem usar máscaras, disfarces e mochilas nos próximos atos.
O Ministério Público estadual instaurou inquérito para apurar eventuais abusos praticados por policiais militares, principalmente do Batalhão de Choque, durante as manifestações no Centro. Os promotores de Justiça querem esclarecimentos sobre a conduta dos policiais e sobre os regulamentos da corporação para as "operações de controle de distúrbios civis".
Clientes de bares e restaurantes da Lapa viveram momentos de tensão depois dos protestos, anteontem. Filha do ator Paulo José, Clara Kutner contou que polícia chegou ao restaurante Nova Capela em busca de manifestantes, e o estabelecimento foi fechado. Ela só conseguiu sair de lá por volta da meia-noite. Além do barulho de bombas do lado de fora, disse que era possível sentir o cheiro forte de gás lacrimogêneo. O bar Arco Íris também teria sido alvo de bombas de gás lacrimogêneo. O Circo Voador, por meio de nota no Facebook, informou que o funcionário conhecido como Lencinho foi atingido por uma bala de borracha.

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