25 Fev 2013
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Visão do Correio
Um
ano após o incêndio que consumiu 70% das suas instalações, a Estação
Antártica Comandante Ferraz renasce em meio ao gelo. Com a paciência que
o continente gelado exige e os R$ 40 milhões emergenciais liberados
pelo governo federal logo depois do desastre, militares da Marinha do
Brasil limpam a região e constroem os 39 módulos provisórios para
abrigar os militares que passarão o inverno por lá, apoiando as
pesquisas. Somente este ano são 20 projetos científicos.
Desde
sua criação, em 1982, o Programa Antártico (Proantar) brasileiro nunca
foi interrompido. Nem mesmo pelo fogo que atingiu 40% dos estudos em
andamento. Graças ao esforço de cientistas e militares, que trocam o
calorento verão brasileiro pelo verão antártico, quando a temperatura
média de 0ºC permite o deslocamento pela região mais inóspita do
planeta.
A
Marinha conserva efetivo permanente no território do extremo sul da
Terra há 31 anos. São 15 militares, que ficam por um ano na Estação
Comandante Ferraz, dando todo o apoio logístico para pesquisas. Duas
embarcações participam dos trabalhos no verão. Além de transportar
víveres e pesquisadores, os navios funcionam como miniuniversidades.
Juntos, eles têm sete laboratórios.
Por
meio de reportagens, o Correio mostrou o esforço brasileiro para manter
o Proantar. Um repórter do jornal passou quatro dias no Polo Sul, com
os militares e cientistas do país. Há 31 anos com seu programa
antártico, o Brasil tem motivos científicos, políticos e econômicos para
investir tempo e dinheiro em território tão distante e hostil.
Manter
estações e realizar pesquisa contínua em terras e águas austrais são
exigências para garantir uma cadeira no grupo de 28 países com poder de
voto no Tratado da Antártica. Entre as normas, o acordo internacional
embarga até 2048 a exploração econômica na região. Quando for decidida a
exploração mineral, o Brasil vai ter voz ativa.
O
Proantar passa por reformulação científica, mais um movimento para
aumentar a relevância do país entre os membros do tratado. A guinada
passará por ampliar a cooperação com centros de excelência internacional
e por expandir as pesquisas para outras regiões da Antártica. Uma das
principais buscas é aprimorar as previsões meteorológicas, o que terá
impacto direto na produtividade da agricultura, algo primordial em um
país considerado celeiro, como o Brasil.
Os
14 milhões de quilômetros quadrados da Antártida — o equivalente a um
Brasil e meio, mas que pode chegar a 32 milhões km² no inverno, com o
congelamento dos mares —, conservam 90% do gelo e 80% da água doce do
planeta. No continente também foram encontrados 176 tipos de minerais.
Acredita-se que os recursos possam suprir a economia mundial por 200
anos.
No
entanto, comparado a outros países, o investimento brasileiro na
Antártida é pífio. Dono do programa mais ambicioso do planeta, os
Estados Unidos aplicaram no ano passado US$ 76 milhões (R$ 149 milhões)
só em pesquisas — sem contar a logística. No Brasil, o Ministério da
Ciência e Tecnologia investiu R$ 144,8 milhões em 12 anos. Só em 2012, a
Índia aplicou R$ 13,7 milhões; a China, R$ 19,6 milhões. Considerado o
potencial da região, a conclusão é uma só: nenhum país está lá por
acaso.
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
A importância da presença na Antártica
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