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segunda-feira, 4 de março de 2013

Helibras está mais perto do primeiro projeto nacional

A engenharia brasileira está participando da integração dos sistemas elétricos e dos sistemas de armas e autoproteção dos helicópteros EC-725, fabricados pela europeia Eurocopter, controlada pela EADS. Para quem não é tão familiarizado com o setor de aviação e de defesa, pode parecer pouco, mas coloca o país no rumo de conseguir projetar, no curto prazo, uma aeronave totalmente brasileira.

Controlada pela Eurocopter, a Helibras está fazendo a aproximação entre a engenharia nacional e os centros de desenvolvimento do grupo na Europa.

No começo do ano, o centro de engenharia da companhia instalado em Itajubá (MG), onde a Helibras tem sua fábrica, recebeu o certificado Design Authorized Organization Certificate, que o coloca no mesmo nível dos outros três centros do grupo, instalados na França, Alemanha e Espanha.

A equipe brasileira é responsável pelo desenvolvimento no Brasil de parte dos 50 helicópteros comprados pelas Forças Armadas do país, em um contrato avaliado em € 1,9 bilhão. São 16 aeronaves para cada uma das três armas e dois para a Presidência da República.

A meta é atingir um índice de 50% de nacionalização até 2015, compromisso assumido pela empresa com o governo brasileiro. As duas primeiras entregas estão marcadas para 2015.

"Estamos trabalhando com o estado da arte em termos de ferramentas de integração de sistemas e capacidade para absorver os domínios de engenharia que ainda faltam para conceber o helicóptero brasileiro, que fará parte da gama de produtos da Eurocopter", afirma Walter Filho, chefe do centro de engenharia. Incluindo as empresas e universidades parceiras, o número de engenheiros no processo já passa de 100.

O primeiro protótipo do projeto de integração do sistema de armas e de autoproteção já foi instalado e deve passar pelo processo de certificação. Segundo Filho, esse sistema será instalado na versão naval do 725, que ainda não existe na Eurocopter. "A Helibras será responsável por esse projeto." O modelo que será entregue para a Marinha é diferente dos helicópteros vendidos para o Exército e a Aeronáutica.

O programa de desenvolvimento dos helicópteros conta com 21 projetos de cooperação industrial e outros sete de transferência de tecnologia. Incluem as áreas de estruturas primárias de compósitos e engenharia de integração de sistemas.

Para atender todo esse volume de trabalho, foram fechados 16 contratos com empresas brasileiras de serviços, logística e fabricantes de subconjuntos aeronáuticos. "O conhecimento gerado pelo projeto não ficará só na Helibras. Universidades, como o ITA e a Unifei [Universidade Federal de Itajubá], e empresas vão compartilhar esse conhecimento", disse Eduardo Marson, presidente da Helibras.

A Akaer e a Inbra Aerospace estão entre essas empresas. A Akaer participa do trabalho de customização dos sistemas dos helicópteros e do projeto de instalação de equipamentos e tem oito engenheiros e técnicos trabalhando dentro do centro de engenharia da Helibras. A Inbra é responsável pelo desenvolvimento da estrutura intermediária em material composto, ou seja, o conjunto que une a cabine ao cone de cauda da aeronave.

Já a Unifei espera a definição dos governos federal e de Minas Gerais para a construção do Centro Tecnológico de Helicópteros (CTH), um investimento de R$ 200 milhões. Independente do CTH, a universidade criou um curso de graduação em engenharia mecânica Aeronáutica, com ênfase em helicópteros, e a partir de 2014 terá um programa de dupla diplomação na França para estudantes brasileiros desse setor.

Alguns dos ex-alunos da Unifei já estão envolvidos diretamente no projeto. É o caso da engenheira Erika Melo, que com apenas dois anos de formada já comanda uma equipe de cinco engenheiros dedicada à integração dos sistemas elétricos.

Todas essas iniciativas respaldam a previsão feita, em outubro, pelo presidente mundial da Eurocopter, Lutz Bertling. Em visita ao Brasil para inauguração das novas instalações da Helibras, o executivo disse que o grupo acredita a engenharia brasileira estará preparada para projetar e lançar no mercado o primeiro helicóptero nacional por volta de 2020.


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